O Brasil, o maior exportador de carne bovina do mundo, está a braços com uma gigantesca crise, depois de as autoridades terem iniciado a operação “carne fraca”.
Na última sexta feira, a polícia federal iniciou a investigação sobre um alegado envolvimento de funcionários do governo num esquema de atribuição de licenças e de fiscalização irregular dos armazéns de carne brasileiros.
Esta operação atingiu algumas das maiores empresas brasileiras como a BRF e a JBS, que controlam marcas como a Sadia, a Perdigão, a Friboi e a Seara. De acordo com a investigação, suspeita-se que eram utilizadas substâncias químicas para disfarçar a falta de qualidade da carne já fora de prazo, sendo vendida quer no Brasil quer nos mercados externos. Os investigadores descobriram também que a carne seria injetada de água para aumentar o seu peso e assim arrecadarem mais dinheiro com a sua venda.
No decorrer da operação, até sábado, já tinham sido presas 36 pessoas, estando outras em fuga.
O governo de Temer tem-se desdobrado em ações que permitam salvaguardar um dos produtos mais exportados pelo Brasil, desde reuniões com produtores, associações até a um jantar numa churrasqueira, de forma a garantir que o problema está limitado e controlado.
O que é facto é que vários armazéns foram selados, pessoas presas, e funcionários públicos do ministério da agricultura afastados.
O escândalo já está a ter consequências para a economia brasileira, com países como a China, que é o maior importador de carne do Brasil, e a Coreia do Sul informaram as autoridades brasileiras que iriam reter toda a carne proveniente do Brasil nos seus portos impedindo a sua distribuição.
Também a União Europeia exigiu a Brasília que todas as exportações das empresas envolvidas sejam imediatamente suspensas.
O setor das carnes foi o terceiro maior contribuinte para as exportações brasileiras em 2016. De acordo com os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços brasileiro, o setor ficou apenas atrás dos grãos e dos minérios. Em 2016, a exportação de carne atingiu 12,6 mil milhões de dólares, tornando o Brasil no campeão da exportação desta protaína.
Uma das empresas alegadamente envolvidas nesta fraude, a JBS, figura mesmo como o quinto maior exportador do País, apenas atrás de empresas como a Vale, a Embraer, Petrobrás e GE Celma. conteudos@fleed.pt